A entrevista dessa semana foi com a colombiana-brasileira-canadense Luisa, sua entrevista é rica de informações e bons conselhos para quem quer imigrar e pensa em fazê-lo atráves do caminho dos estudos.
A entrevista dessa vez é em formato escrito.
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Luisa, nos fale um pouco sobre você:
Meu nome é
Luisa Delima. Eu sou da Colômbia e tenho 37 anos. Sou casada com um brasileiro
maravilhoso. Ainda não temos filhos, mas temos nossos dois anjos da pelúcia,
Tito e Lupita, que vieram da Colômbia um ano depois de chegarmos ao Canadá.
De volta à
Colômbia, desde pequena, tive interesse em aprender outros idiomas. Ficava
fascinada como outras pessoas podiam falar e se comunicar em uma língua que eu
nem conseguia entender. Era como descobrir novos mundos para mim. Até aprendi a
linguagem de sinais quando tinha 7 anos. Seguindo meus interesses, concluí o
bacharelado em Educação Básica e Línguas Estrangeiras (Inglês e Francês) em
2005 em Bogotá, Colômbia. Essa graduação é algo semelhante a estudar Letras no
Brasil, pelo que eu sei.
Ensinei
inglês como segunda língua para alunos do ensino médio em escolas públicas e
privadas por mais de três anos após minha formatura. Em 2008, tive uma grande
oportunidade diante de mim. Era para trabalhar em navios de cruzeiro como
Conselheira Juvenil. Foi a melhor chance para eu viajar, falar os idiomas que
aprendi por tantos anos em contextos práticos reais e economizar dinheiro para
planos futuros. Aprendi sobre tantas culturas diferentes na fonte, fiz centenas
de amigos e, o mais importante, conheci meu marido a bordo de um cruzeiro e
comecei a aprender português; uma língua que sempre gostei. Ele começou a
ensinar partes do corpo… brasileiro maluco (risos). Trabalhei em navios de
cruzeiro por quase nove anos.
Eu saía da
Colômbia periodicamente desde 2008, quando decidi trabalhar em navios de
cruzeiro. Eu ficava indo e voltando entre os contratos, para minha cidade natal
e para o Brasil. Houve alguns motivos pelos quais decidimos migrar para o
Canadá. Em primeiro lugar, como casal de países diferentes, meu marido e eu
queríamos viver em um lugar neutro. Nem Colômbia nem Brasil; para ser justo com
todos. Portanto, o Canadá parecia ser o melhor destino. Debatemos entre a
Austrália e o Canadá. Mas a Austrália estava muito longe e nós meio que
gostamos mais das temperaturas mais frias. O clima desempenhou um papel
importante em nossa decisão.
Também
compartilhamos o sonho de nos estabelecer em um país diferente, de preferência
um lugar onde a estabilidade social e a segurança (violência) não fossem uma
preocupação. Um lugar onde pudéssemos crescer como família e também como
profissionais. Por último, queríamos viver em uma cidade pequena, longe da
poluição e das multidões das grandes áreas urbanas. O Canadá tem um grande
número de cidades que atendem a esses critérios.
- Como foi
sua inserção no Canadá, quais foram seus maiores desafios?
A forma
como migrei para o Canadá foi através da minha vinda como estudante
internacional e do meu marido com uma autorização de trabalho associada ao meu
visto / autorização de estudo. Eu me inscrevi na Universidade de Winnipeg e me
matriculei em um programa de Recursos Humanos em tempo integral e certificado
de Gestão em 2017. Viemos para o Canadá em 2015 durante uma de nossas férias do
navio de cruzeiro. Conhecemos a cidade participando de um seminário sobre
imigração no Canadá. Passamos três meses em Winnipeg na primavera de 2015.
Fizemos curso de francês na Universidade de São Bonifácio. Foi aqui que
conhecemos você e a Cris. Foi também a oportunidade de fazer contatos,
visitar escolas e, em geral, conhecer como era a vida nesta cidade. Nós
simplesmente gostamos, tinha tudo o que precisávamos e muito mais.
Voltamos
depois dos três meses e nos inscrevemos para a Express Entry. No entanto, nunca
fomos convidados a nos inscrever para residência permanente. Durante o ano
nosso perfil esteve ativo, continuamos a trabalhar em navios de cruzeiro e com
o passar do tempo, percebemos que esse não seria o melhor caminho. Portanto,
comecei a pesquisar programas universitários que facilitassem a imigração.
Durante nossa visita a Winnipeg, encontramos um conselheiro educacional. Ela
apresentou todas as opções e recursos humanos parecia o melhor para minha
formação educacional e oportunidades de trabalho na cidade.
Uma vez no
Canadá, um dos meus maiores desafios foi encontrar o equilíbrio entre várias
coisas que estavam acontecendo. No dia 2 de maio de 2017 minha vida mudou
completamente, de velejador viajando para diversos lugares em uma semana,
fiquei estacionado em um só lugar, sendo estudante em tempo integral, 5 dias
por semana. Sentia saudades de viajar, meus pés coçavam e essa sensação durou
alguns meses. Eu também queria fazer networking, mas não tinha tempo. Queria
sair e curtir o clima, mas a escola me mantinha tão ocupada que não tinha
tempo. Eu também estava muito na escola que não dividia muito tempo de
qualidade com meu marido. Tínhamos horários diferentes - ele trabalhava no
turno da noite. Então, aquele primeiro ano foi muito desafiador.
- Quando
você veio para o Canadá você já tinha em mente atuar na área de RH?
Sim, eu já
tinha planos de estudar nessa área. Fiz algumas pesquisas porque sabia que
faria o curso de RH. Também fiz perguntas ao meu conselheiro educacional sobre
o mercado de trabalho e as oportunidades para recém-chegados e estudantes
internacionais. Verifiquei os sites de associações profissionais e explorei o
conteúdo do meu curso para ter uma ideia do ambiente e da profissão de RH no
Canadá.
- Como é a
área de RH no Canadá, é uma área regulamentada? Qualquer pessoa pode atuar ou é
necessário certificações específicas?
A profissão
de RH no Canadá não é regulamentada como no caso da Educação ou da Medicina.
Qualquer pessoa pode ser um profissional de RH, desde que tenha concluído o
Bacharelado em Administração com ênfase em RH, ou alguém que tenha uma
profissão diferente, como eu, mas que tenha concluído uma pós-graduação em RH.
Como estudante internacional, existem certos requisitos que você precisa
atender. Você deve ter proficiência mínima em inglês (no Canadá anglófono) e
ter um diploma universitário. Existe uma associação profissional de âmbito
nacional chamada CPHR, que é a líder na área de RH que oferece educação
continuada e a maioria dos profissionais de RH tem a designação CPRH, ou está
trabalhando para isso.
- O que
você achou da universidade canadense? O curso é pesado?
O que eu
sei sobre o ambiente universitário canadense é a educação continuada para
estudantes internacionais que faz parte dele. Não fiz nenhum outro curso
universitário desde então. Portanto, não posso falar abertamente sobre isso.
Para se qualificar para um visto de estudante, você precisa se inscrever em um
programa de tempo integral de pelo menos um ano de duração. O programa que fiz
achei muito exigente e rápido. Foi um curso intensivo que normalmente é feito
em dois anos em regime de meio período. Eu sabia disso desde o início. Você
precisa ser muito disciplinado. Alguns colegas meus trabalhavam meio período
enquanto estudavam e tiveram muita dificuldade em acompanhar todas as demandas
do curso. Tive a sorte de que meu marido estava me apoiando, então eu podia me
concentrar só nos estudos. Este foi um ano intenso, mas o lado bom disso é que
em um ano eu já estava trabalhando e me inscrevendo para o programa provincial de
indicados (MPNP), por meio da inscrição de meu
marido como trabalhador qualificado.
- O que é
necessário para alguém, que está pensando na imigração, que é da área de RH e
quer continuar atuando aqui?
Eu diria:
se você já tem um diploma de RH, pode começar procurando obter a validação do
diploma ou equivalência na estrutura canadense. Existe uma instituição chamada
WES, que faz avaliações internacionais de programas educacionais. É certificado
pelo CIC. Este processo também facilitará a inscrição e aceitação em qualquer
universidade no Canadá. Mesmo que você seja formado em RH, é recomendável fazer
um curso de educação continuada, como o que fiz aqui em RH, pois é ele que dá a
base e o conhecimento geral da área. A maioria das ofertas de emprego exige que
você tenha algum tipo de diploma em RH, de preferência no Canadá. Analisar as
ofertas de emprego e os elementos e requisitos-chave, e trabalhar para
obtê-los, também é um bom começo.
Além disso,
uma vez que seu diploma seja validado no Canadá, comece a procurar opções para
obter a designação CPHR. Isso abre muitas portas no campo de RH no Canadá.
Existem diferentes caminhos para obtê-lo, dependendo da sua situação
particular.
Você pode
querer aprimorar seu vocabulário e jargão em inglês para áreas relacionadas a
RH. Você pode ler sobre a legislação e os padrões de emprego de cada província
ou da província para a qual está interessado em migrar. Ter esse conhecimento
também é uma vantagem, não apenas para o curso de RH que você fará no Canadá,
se aplicável, mas é obrigatório conhecer essa legislação como profissional de
RH.
- Foi
difícil voltar a estudar ao mesmo tempo que se adaptava ao novo país?
Foi muito
difícil voltar à escola depois de mais de 10 anos sem colocar um único pé em
uma sala de aula. Também é um desafio fazer isso se você estiver se
familiarizando com uma nova cultura e ambiente. Numa sala de aula são várias
nacionalidades, o que no meu caso foi extremamente interessante, mas pode ser
um pouco um choque cultural também para quem não está preparado ou para um
indivíduo que não foi exposto a outras formas de pensar e às vezes, de
comportamento no contexto acadêmico. Felizmente com a experiência obtida no
navio de cruzeiro fui bem treinada. Alguns de meus colegas acharam muito
difícil superar isso.
- Que
conselho ou dica você daria para o pessoal que está planejando o caminho do
estudo como ponte para a residência permanente?
Existem
três conselhos que darei a alguém que esteja interessado em estudar como um
caminho para a residência permanente.
1. Dê a si mesmo tempo para se ajustar. Pode ser estressante se adaptar a uma nova forma de vida (cultura, economia, alimentação, clima, escola, mercado de trabalho etc.). Encontrar o equilíbrio entre a vida profissional e a vida acadêmica é fundamental. Organize-se e encontre algum tempo para se conectar com a nova cultura e sua nova terra natal enquanto você estuda.
2. Networking e conexões profissionais. Participe de diversas atividades que irão beneficiar o seu networking na área em que vai trabalhar. Converse com seus professores universitários, inscreva-se em associações profissionais e molhe os pés (expressão do inglês significando - experimente) na área de seu interesse.
3. Faça parte do programa de estágio que sua instituição de ensino oferece. Esse pode ser o caminho no mercado de trabalho da sua área de estudo, mesmo que seja por um curto período de tempo. Ter a experiência de trabalho canadense é fundamental para estudantes internacionais. Isso o ajudará a encontrar um emprego com mais rapidez e a iniciar seu processo de residência permanente mais cedo.
- Existe
alguma coisa que eu não perguntei e deveria ter perguntado?
O que estou
fazendo agora? Você está feliz com sua decisão de migrar para o Canadá?
Logo depois
de terminar meu curso de RH na Universidade de Winnipeg, fiz meu estágio, de
apenas um mês, em um conhecido empregador da cidade, eles gostaram de mim, foi
um encaixe para mim, e me contrataram logo que terminei o curso. Estou nesta
empresa há quase três anos.
Estou muito
feliz por ter vindo para este país, que agora é minha pátria. Tenho orgulho de
todas as nossas conquistas como casal e de nossa vida profissional. Meu marido
se inscreveu para o programa de nomeados (MPNP) em 2018 e, em um ano e dois
meses, nos tornamos residentes permanentes. Em setembro de 2021, podemos
solicitar a cidadania. Compramos uma casa no ano passado e não podíamos estar
mais felizes com nosso futuro aqui, mesmo com a pandemia! Fizemos um grupo tão
bom de amigos e nos sentimos parte desta comunidade amigável.
Luisa muito obrigado por ter tirado esse tempo para conversar comigo e compartilhar sua experiência e suas dicas que são muito valiosas para quem está nessa jornada.
Espero que essa entrevista seja útil para todos aqueles que querem imigrar e pretendem usar o estudo como forma de conseguir a residência permante.
Se você tiver alguma pergunta ou sugestão sobre esse e outros assuntos, por favor, não faça cerimônias, deixe um comentário que responderei.
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